AS MÃOS
No escuro mais escuro
perguntam as mãos sob as quais
se curvam as minhas, reféns
do instante – este que acaba
de começar –, qual o próximo passo?
Curvadas, aninham-se as minhas
no quase nada das palavras.
Em meio a elas, divertem-se
em não saber que o amor não salva.
As mãos – essas, quais luvas –,
inquietam-se em buscar a resposta
que, deveras, não há.
No escuro mais escuro, o escuro
se estende além do que alcançam.
Precisam romper a barreira
das trevas que as cercam.
Talvez precisem de minhas mãos,
estas, feitas de ilusão.